CIDADANIA POP UP

BIAU Bienal Iberoamericana de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, Brazil.

Participatory social and urban Process.

Authors: Raúl Alonso Estébanez & Interurbano + David Gastón Robles + Ainá Ceravolo Calia + Cinthya Domenico

Citizens team: Anderson Dias Teixeira & Elenalva Sousa da Paixão -Associação Comunitária Vila Clara em Ação- + Hector Henrique Gomes da Silva + Marcio Roberto Correa + Marinalva Sousa + Rosa Teruko Hiroi Batista de Siqueira

 

O projeto de urbanismo e arquitetura habitacional Cordeiro 1, iniciado no âmbito do Concurso Renova SP, promovido pela Secretaria Municipal da Habitação de São Paulo em 2011, foi o estímulo detonante do processo a ser apresentado nesta Bienal. O projeto consiste em um plano urbanístico para um perímetro de ação urbana de 43Ha, no distrito do Jabaquara, que engloba parte do bairro Americanópolis e a Vila Clara, na região sudeste da cidade de São Paulo. Com a contratação da equipe INTERUBANO+AREA para o desenvolvimento do trabalho, a proposta da SEHAB previa que o projeto ganhador do concurso fosse recomeçado. Assim, a equipe iniciou os trabalhos por uma etapa de diagnóstico completo do perímetro de atuação envolvendo trabalhos de campo, pesquisas técnicas, análises jurídicas e de projetos de outros órgãos e secretarias. O procedimento normal de trabalho da SEHAB também prevê a inclusão da população local em cada etapa do projeto por meio de reuniões e discussões de forma sistematizada. No entanto, o caráter inovador da proposta do Renova SP, transcendeu as escalas da habitação de interesse social e da urbanização de assentamentos no momento em que propôs um projeto envolvendo o bairro. Esta interação cidade forma X cidade informal, consiste até este momento em um desafio para todo o grupo de trabalho. Os arquitetos da equipe INTERURBANO+AREA entenderam desde o início, esta particularidade, como a grande oportunidade para a construção da cidadania, fator essencial do “fazer cidade”.

E detectou durante os trabalhos de diagnóstico dificuldades para levar a cabo um processo participativo dentro dos moldes sistematizados para projetos restritos aos assentamentos. Era preciso unir o objetivo de construir comunidade ao de construir cidade. Além disso, se tratando de um desafio para todos os agentes, os arquitetos sentiram a necessidade de usar seus próprios instrumentos de diagnóstico para encontrar subsídios ao desenvolvimento do projeto em si, era preciso interagir não só com as informações técnicas, mas também receber informação direta dos que vivem e viverão no local de projeto. A resposta a estas necessidade foi um projeto paralelo, ao que se chamou RENOVANDO VILA CLARA, que surgiu como uma proposta metodológica de participação agrupada em seis laboratórios temáticos: virtual, físico e turístico na fase de diagnóstico popular; cooperativo, para interagir com outros criadores; habitacional e urbanístico para promover a inter-relação entre construção do espaço público e da casa. O objetivo principal destes laboratórios é a ativação do envolvimento cidadão e das mudanças desde o início do processo de projeto, para que, ao final do longo período que antecede o início e a conclusão das obras de qualquer intervenção arquitetônica, a cidadania esteja consolidada e acostumada a ter papel ativo nas mudanças constantes pelas quais toda cidade passa ao longo dos tempos.

O Renovando Vila Clara enfrentou diversas dificuldades para sair à luz, sendo apresentado a diferentes agentes buscando formas de ser iniciado driblando a falta de recursos previstos para estes casos e múltiplas desconfianças.
Esteve estacionado, mas nunca desligado, e funcionou silenciosamente em cada detalhe dos projetos para Cordeiro 1. Foi após um processo conflituoso de encontros participativos com a maior das comunidades do perímetro de ação, que aconteceu o que chamamos de pop-up cidadão. Este grupo de moradores locais conheceu o projeto, se informou, se mobilizou e transcendeu o âmbito do assentamento onde moram, ambicionaram mudar todo o bairro e começaram por uma das mais urgentes necessidades de seu entorno: espaços de convivência. Entenderam que para ser participativo é preciso se conhecer, e que afinal, para isso deveriam servir as praças e ruas do bairro. Então fizeram um pedido aos arquitetos: “vocês podem fazer um projeto para uma das Pracinhas? Nós faremos um abaixo assinado para sua ampliação e reforma.”
Este pedido foi o detonador do laboratório de microurbanismo do Renovando Vila Clara, e sua entrada na Bienal de Arquitetura de São Paulo será o detonador do laboratório cooperativo, onde se pretende colocar a Vila Clara no mapa criativo da cidade, uma forma de atrair recursos de todos os tipos, reforçar a autoconfiança local e despertar um processo que logo ande sozinho, e contamine muitas outras Vilas Claras pela cidade e pelo mundo.

——-

ESTIMULO: RENOVA SP, projeto de urbanismo e arquitetura

AÇÃO: Renovando Vila Clara

CIDADANIA POP-UP: Organização de moradores da Vila Clara para mudar o entorno da comunidade onde vivem.

ATIVADOR: a Pracinha (Disitrito Jabaquara, Bairro Vila Clara, Av. Estrada Antiga do Mar com as ruas Monte Real e Luís Vicente de Simoni). Esta Pracinha é um “triangulinho” cercado de viário por todos os lados numa área carente de espaços de lazer, cultura e convivência.

ONDE ESTAMOS: os arquitetos desenvolvendo seus trabalhos de projeto na área e pensando uma maneira de iniciar um projeto que deixasse um legado maior do que um melhor mobiliário e lixeiras novas na Pracinha. A população, organizada em uma associação local, buscando por onde iniciar transformações nos espaços do bairro junto a órgãos públicos e possíveis apoiadores do terceiro setor e privados. A ideia de levar o projeto à Bienal foi levada pelos arquitetos ao grupo de moradores articuladores da ação, que aceitaram o desafio e estão inscritos como membros da equipe INTERURBANO nesta exposição, afim de comprometerem-se como agentes em todas as etapas da empreitada.
A proposta consiste em um desafio, em forma de jogo, onde juntos teremos que projetar e construir a Pracinha durante os 40 dias de duração da Bienal. Com isso pretendemos conseguir credibilidade junto a mais moradores do bairro e potenciais apoiadores públicos
e privados, riqueza de ideias e principalmente despertar motivação
e autoestima coletiva para empreender o projeto.

MOTIVAÇÃO: Dos moradores: que seja o “pontapé” inicial para estimular os moradores da Vila Clara a participar nas mudanças do bairro. Que a visibilidade do projeto e melhora do espaço aumente a auto-estima da população e a imagem do bairro.
Dos arquitetos: provar e sistematizar metodologias e estratégias para catalisar novas reações em outros projetos.

OBJETIVOS: O projeto da pracinha, objeto ativador da cidadania pop-up na Vila Clara, deverá servir de experiência provocadora de novos estímulos potenciais para outras cidadanias pop-up. Se pretende que seja o “vírus” que espalhará uma nova consciência colaborativa e cidadã, inoculado nos participantes da Bienal e disseminado por eles, tendo como último objetivo mudar as formas de ver e fazer cidade.

METODOLOGIA: No espaço da Bienal de Arquitetura estarão expostos em formato multimídia, o contexto, os desafios de projeto e expectativas da população local quanto à participação dos visitantes e a inclusão deste projeto na Bienal.
Os visitantes serão convidados a propor ideias e participar do processo com os meios oferecidos na própria exposição (material de desenho e colagem), redes sociais, ou indo até as atividades no local e em dias indicados.
Durante o mesmo período da exposição, moradores da Vila Clara auxiliados pelos arquitetos, participarão de um jogo, onde se projetará e construirá a Pracinha, objeto ativador da cidadania pop-up na Vila Clara. O jogo será alimentado por contribuições livres dos visitantes da Bienal.
O processo de projeto e construção coletiva será gravado e mostrado durante a exposição. As atividades externas serão gravadas e adicionadas ao vídeo inicial, configurando assim material adicional para que novos visitantes voltem a contribuir com a seguinte atividade, num ciclo participativo completo de retroalimentação.

EXPOSIÇÃO: Percurso orientado ao espaço de participação. Este conjunto será formado por:
• Painel de 4,40X1,10m construído com pallets reciclados, onde estarão expostos: o marco conceitual do trabalho, o convite e instruções para a participação, um diagrama contextualizando,
o projeto proposto e o processo de ativação da cidadania pop-up, contendo imagens e textos conforme necessário, uma tela para exibição em vídeo das atividades realizadas durante a Bienal e um espaço livre que será preenchido no decorrer do processo.
• Uma área de trabalho para a participação dos visitantes, formada por uma mesa com imagens impressas, um rolo de papel manteiga ou vegetal sobre elas e lápis de cor, e outra mesa com diferentes materiais, como tesoura, cola, papéis de formas, cores e tamanhos diferentes para os participantes brincarem com propostas pop-up. Esta mesa terá espaço para acumular e expor o material gerado entre cada atividade externa.
Os responsáveis pelas retiradas e reposições de material da exposição será a equipe INTERURBANO.
O material gerado pelos visitantes da Bienal será levado ao local das atividades externas para ser mostrado e apropriado pelos participantes. Este processo estará documentado em cada vídeo das atividades que será posteriormente adicionado ao vídeo anterior na Bienal.

REDES SOCIAIS: Comunicação
Serão criadas contas de Twitter e Facebook do Cidadania Pop-Up Vila Clara, onde qualquer visitante da Bienal poderá contatar, comentar ou acompanhar o projeto da Pracinha e as atividades. Estes meios serão anunciados no painel expositivo, onde constará um “QR Code” que levará à plataforma web, onde constarão os links para as redes sociais e informação compilada periodicamente pela equipe INTERURBANO.

ALIMENTAÇÃO DA EXPOSIÇÃO: A exposição terá um vídeo inicial e material de desenho e colagem. A cada 10 dias se retira o material gerado pelos participantes da Bienal e repõe conforme necessidade. 2 dias após atividade se adiciona um novo capítulo ao vídeo inicial e assim por diante, totalizando 5 vídeos em 4 fases da exposição.

ATIVIDADE EXTERNA: Desenvolvimento e recursos
O projeto e obra da Pracinha nascerá como uma gincana, composta por desafios diferentes para cada etapa do jogo. Se iniciou com o planejamento, que já está em curso, para dimensionar as necessidades de materiais, mão de obra e recursos para participar desta Bienal. Seguirá com a mobilização para conseguir os recursos, sejam eles em forma de material de trabalho(papel, massa de modelar, material de desenho, colagem, etc.), ou ajudas financeiras para a etapa de projeto. Esta mesma estratégia servirá para conseguir os recursos para as etapas de montagem e obras conforme as propostas coletivas, sempre planejando em cada a atividade as necessidades para levar a cabo a seguinte. As atividades serão adaptadas aos recursos conseguidos em cada fase prévia. Desta maneira não se pretende prever um resultado rígido, e sim expor as negociações inerentes à construção da cidade.
Os responsáveis pela articulação entre propostas dos participantes da Bienal e moradores da Vila Clara, gravação e edição de vídeos, será a equipe INTERURBANO.